Saturday, January 29, 2011

Dia Kafkiano - Festival Internacional de Circo de Montecarlo

Hoje fui ao Principado do Mónaco para ver o festival supracitado. Este é o único estado do mundo em que se fala um dialecto ligure, o monegasco, já que nos tempos da Sereníssima República de Génova, o Mónaco pertencia a esta república. Na realidade, a família Grimaldi é genovesa e antes de se tornar um principado, o Mónaco e outras zonas francesas até Nice pertenciam a Génova.
Sobre o Festival em si, não tenho muitas palavras para descrever e as fotos e vídeos falarão por si (peço desculpa se demorarem). É tudo aquilo que se vê na TV mas ao vivo é melhor 10 vezes. O problema maior foi a viagem. Até à fronteira tudo ok. Quando cheguei a Ventimiglia (última estação de comboios do lado italiano), dirigi-me à maquina para comprar o bilhete e não dava para comprar bilhetes para o lado francês. Bilheteira com fila. Até que um senhor me disse que na agência de viagens dentro da estação se vendiam os bilhetes e até eram mais baratos porque os caminhos de ferro italiano não se davam bem com os franceses e cobravam uma taxa extra. (não sei se assim era mas anyway no Mónaco por curiosidade reparei que o bilhete custava mais do que o que eu paguei na agência de viagens). E por acaso foi na agência de viagens que descobri que havia greve de comboios em Itália (já depois de comprar a ida e volta ao Mónaco). Ao que parecia, havia greve a partir das 21h. Voltei à bilheteira onde me confirmaram a situação dizendo que as 21h os comboios paravam na estação mais próxima. Ou seja, o penúltimo comboio que eu tinha para ir para casa dava porque a hora de chegada era 21h mas o seguinte ia parar a meio do caminho. Comprei logo sabendo que poderia ter de sair mais cedo do espectáculo no Mónaco para chegar a tempo.
Chegado ao Mónaco, vejo um aviso a dizer que hoje e amanhã iam cortar todos os comboios entre Nice e Cannes e havia perturbações entre Nice e Ventimiglia. Bonito. Vi no placar geral de horários e supostamente o comboio que eu queria ia circular mas o seguinte (opção de reserva) não. Fui à bilheteira e disseram-me o contrário. Voltei ao cais e encontrei outro placar com os horários só para hoje e amanhã que confirma a informação da bilheteira (indo contra a outra). Voltei à bilheteira e experimentei trocar de guichet. A senhora que me atendeu disse que todos os comboios para o lado de Itália iam partir, que as perturbações eram só para o outro lado e deu-me os horários para despachar (o que claramente não podia ser pois tinha visto os placares com os horários de hoje e amanhã com muitos comboios cortados). O que fazer? Confiar nos horários de hoje e apanhar o comboio que só me deixa 15min para trocar? Sair mais cedo do circo com esperança que o comboio anterior afinal circule? Depois de voltar ao 1º placar leio que aquelas informações são as previstas mas que os trabalhos programados podem alterar mesmo os cortes previstos. Conclusão: fio-me nos outros horários e chega. Ir no comboio anterior não era grande opção (perderia metade do espectáculo e esperaria 2h em Itália) por isso arrisquei a mudança de comboio em 15min. Mal acabou o espectáculo fui em passo acelerado para a estação e consegui chegar a casa sem problemas (à parte o facto de ter andado a pé 10 min debaixo de um forte nevão - de manhã nada o faria prever - e o facto de ter levado com água vinda de uma poça atingida pela roda de um autocarro).
Já o ano passado quando fui ver o Grande Prémio de Fórmula 1 ao Mónaco tive problemas. O Intercidades parou ao fim de 10 minutos de viagem à saída de Génova. Tive de trocar para um regional. E depois até o comboio francês parou a meio do caminho 10min e já estavam a pensar em trocá-lo mas depois lá se mexeu. Cheguei ao circuito poucos minutos antes do tiro de partida o que me garantiu um lugar mau (quando iria chegar com 2h adiantado supostamente).
Conclusão: não ir ao Mónaco de transportes públicos.

PS: Para fotos e vídeos terão de esperar um bocadinho. (tal como pela sugestão gastronómica da noite de ontem).

4 comments:

  1. um pormenor que me esqueci: este fim de semana resolveram fazer obras mas depois criaram um comboio extra às 23h30m precisamente porque havia o festival de circo e um campeonato qualquer de futebol. incongruências..

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  2. Comboios + Itália = Caos
    Mais uma vez alguém conta uma aventura relacionada com comboios em Itália.
    Pelo menos os locais já percebem que existem lugares marcados, há 10 anos atrás nem isso. Numa viagem de Roma a Nápoles, parecia que tinha entrado num filme do Totó.
    Numa ida de Roma a Perugia no Eurostar, todas as mensagens passavam em italiano e inglês, excepto a que dizia que devido ao atraso do comboio, os passageiros tinham direito a reembolso, que passou apenas em italiano... A senhora da bilheteira ficou muito admirada quando fui pedir o reembolso, como é que eu sabia. E depois de muito discutir, pois a desculpa era por eu ser estrangeira e por isso não tinha direito, lá me reembolsou... Enfim as pequenas idiossincrasias de um país que o torna muito especial.

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  3. Nem sempre há locais marcados. Mesmo nos intercidades chegam a uma hora em que estão cheios e começam a vender locais no corredor pois têm uns bancos ao longo do corredor sem marcação. Essa do reembolso nunca vi e aqui nunca tive problemas mesmo percebendo que era estrangeiro. Mas já tive muitos problemas com comboios. O ano passado por exemplo, quando o Norte de Itália ficou bloqueado com a neve. Cancelaram o Eurostar que eu tinha para Roma e meteram-nos num que já vinha cheio de Turim. Quando cheguei a Roma, este comboio já ia com 10h de atraso total. Demorei 6h e fui sempre em pé. Em Pisa atiraram-nos caixotes de comida. Quem vinha de Turim estava passado pois tinham parado o comboio num túnel em Génova durante a noite e desligaram o aquecimento enquanto as pessoas dormiam. Enfim..

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  4. Nunca apanhei nenhum com esses bancos ao longo do corredor. Fogo, o comboio parado num túnel em Génova sem aquecimento e 6h em pé entre Génova e Roma. A Ferrovie dello Stato no seu melhor...

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