Reconheço quando o adversário merece ganhar. Mesmo que seja o último do campeonato. Hoje o Cesena ganhou ao Genoa. O 2º golo é um mimo. O primeiro foi um penalti marcado à Panenka a lembrar o Postiga no Euro 2004. Mas note-se no que acontece depois dos festejos do golo. O avançado que tinha jogado 5 anos na mesma equipa daquele guarda-redes vai pedir desculpa e abraçar o guarda-redes. Lindo.
Sunday, November 27, 2011
Friday, November 25, 2011
Uma noite em Old Trafford
Como prometido aqui ficam as fotos e vídeos do jogo Manchester United-Benfica. Como por exemplo este.
Não há muitas palavras para descrever esta noite. Mágica seria pouco. Ver o Benfica que ganha 1-0 ao Manchester em Old Trafford aos 3' minutos foi algo que parecia inacreditável. Tanto como ver o silêncio dos adeptos do United. Estiveram sempre sentadinhos sem cantar excepto em lances perigosos em que se levantavam das cadeiras e após os golos que lá gritavam um pouco pelo clube. Pelo contrário, os 3000 benfiquistas cantaram quase o tempo todo (só conheço uma claque que canta mais do que o que vi em Manchester, é o Topo Norte do Genoa). O sentimento de injustiça que todos sentiram quando viram o Manchester empatar em fora de jogo não mudou a força dos cânticos. E no fim, festejou-se como se fosse uma vitória. Os festejos continuaram no avião como podem ver noutro vídeo e já tinham começado muito antes do jogo quando vi o eléctrico cheio de benfiquistas a cantar. Aliás, durante toda a tarde não vi quase nenhum cachecol do Manchester mas vi muitos do Benfica.
Da cidade, vi pouco além da Catedral (nas fotos) e do museu de Arte que tinha entrada livre. Este último não consegui visitar por completo mas do que vi gostei. Apesar de ser entrada livre, tinha algumas peças de grandes nomes como Renoir, Max Ernst, Francis Bacon, Alberto Giacometti e Philippe Starck.
From Manchester |
Não há muitas palavras para descrever esta noite. Mágica seria pouco. Ver o Benfica que ganha 1-0 ao Manchester em Old Trafford aos 3' minutos foi algo que parecia inacreditável. Tanto como ver o silêncio dos adeptos do United. Estiveram sempre sentadinhos sem cantar excepto em lances perigosos em que se levantavam das cadeiras e após os golos que lá gritavam um pouco pelo clube. Pelo contrário, os 3000 benfiquistas cantaram quase o tempo todo (só conheço uma claque que canta mais do que o que vi em Manchester, é o Topo Norte do Genoa). O sentimento de injustiça que todos sentiram quando viram o Manchester empatar em fora de jogo não mudou a força dos cânticos. E no fim, festejou-se como se fosse uma vitória. Os festejos continuaram no avião como podem ver noutro vídeo e já tinham começado muito antes do jogo quando vi o eléctrico cheio de benfiquistas a cantar. Aliás, durante toda a tarde não vi quase nenhum cachecol do Manchester mas vi muitos do Benfica.
Da cidade, vi pouco além da Catedral (nas fotos) e do museu de Arte que tinha entrada livre. Este último não consegui visitar por completo mas do que vi gostei. Apesar de ser entrada livre, tinha algumas peças de grandes nomes como Renoir, Max Ernst, Francis Bacon, Alberto Giacometti e Philippe Starck.
Wednesday, November 23, 2011
De volta aos tesourinhos deprimentes
Adriano Celentano foi dos mais profícuos artistas italianos a fazer versões de músicas famosas. Esta é outra: Susana, um original dos Art Company (Suzanna) em versão dobrada com uma letra ridícula. Desta vez, a letra mistura italiano e francês e fala de uma Susana que depois de uma semana em Portofino e um mês a St. Tropez disse ao seu amado "não me compras com o paté" e escapou para Malibú com um retalhista de bijou. Sem mais demoras.
PS: Imagens e notas soltas sobre o jogo do Benfica ontem em Old Trafford vão ter de esperar.
PS: Imagens e notas soltas sobre o jogo do Benfica ontem em Old Trafford vão ter de esperar.
Sunday, November 20, 2011
25ª Festa da Abóbora
E não só. Este fim de semana fui à 25ª Festa da Abóbora numa aldeiazinha perdida nas montanhas aqui perto de Génova. Infelizmente, esqueci-me da máquina fotográfica em casa e no site oficial ainda não estão as fotos da edição deste ano. Além de n pratos cujo ingrediente em destaque era a Abóbora, havia a exposição com as maiores abóboras, as mais compridas e as mais estranhas (prémios para todas as categorias). A festa era organizada pela Paróquia (havia uma parte da exposição de arranjos florais que era dentro da igreja). Aqui, vejo muito mais festas pagãs nas aldeias que religiosas. Ele é festa do camarão, festa da nutella, festa dos grelhados, festa da castanha, festa da cereja (todas em aldeias diversas perdidas nas serras).
Passando ao futebol, hoje no estádio foi bonito ver as faixas de solidariedade com as vítimas das cheias, as faixas de agradecimento das populações afectadas (e ajudadas), os Viva os anjos , os jogadores que aqueciam com a camisola que já esgotou em Génova que diz "não há lama que nos pare", o minuto de silêncio e a enorme faixa que dizia: "Nós somos um povo orgulhoso antiga cidade de mar nenhuma calamidade nos poderá afundar" (foto anterior também).
Já o jogo não foi bom, o Genoa jogou toda a 2ª parte com 10 jogadores mas Miguel Veloso marcou um grande golo de pé direito. Confiram abaixo.
Por último, algo de que já tinha falado mas ainda não tinha visto. Como disse, alguns produtos (principalmente alimentares) vão ter os preços bloqueados até fim de Janeiro por iniciativa da Câmara Municipal e de alguns supermercados. Hoje encontrei no supermercado, esta informação ao lado de uma compota a identificar algo que não vai sofrer aumento de preço. Boa iniciativa.
Passando ao futebol, hoje no estádio foi bonito ver as faixas de solidariedade com as vítimas das cheias, as faixas de agradecimento das populações afectadas (e ajudadas), os Viva os anjos , os jogadores que aqueciam com a camisola que já esgotou em Génova que diz "não há lama que nos pare", o minuto de silêncio e a enorme faixa que dizia: "Nós somos um povo orgulhoso antiga cidade de mar nenhuma calamidade nos poderá afundar" (foto anterior também).
Já o jogo não foi bom, o Genoa jogou toda a 2ª parte com 10 jogadores mas Miguel Veloso marcou um grande golo de pé direito. Confiram abaixo.
Por último, algo de que já tinha falado mas ainda não tinha visto. Como disse, alguns produtos (principalmente alimentares) vão ter os preços bloqueados até fim de Janeiro por iniciativa da Câmara Municipal e de alguns supermercados. Hoje encontrei no supermercado, esta informação ao lado de uma compota a identificar algo que não vai sofrer aumento de preço. Boa iniciativa.
Friday, November 18, 2011
Procul Harum em italiano
Depois do Italian Spiderman, voltamos às versões italianas de músicas populares. Desta vez, o crime é sobre Procul Harum e a bela balada A Whiter Shade of Pale. O grupo italiano que cometeu o crime chama-se Dik Dik (e já isto quer dizer qualquer coisa). As letras têm alguma inspiração no original (principalmente a primeira estrofe) mas depois são muito mais simples e menos bonitas. Como por exemplo:
"Não digas uma palavra
Dar-te-ei o que queres.
Tu não te pareces muito com ela
Não és como ela.
Mas toma a minha mão
e caminha comigo.
O teu rosto agora é bonito,
Tu és bela como ela."
Sem mais demoras, para vós os Dik Dik com Senza Luce (sem luz)
"Não digas uma palavra
Dar-te-ei o que queres.
Tu não te pareces muito com ela
Não és como ela.
Mas toma a minha mão
e caminha comigo.
O teu rosto agora é bonito,
Tu és bela como ela."
Sem mais demoras, para vós os Dik Dik com Senza Luce (sem luz)
Thursday, November 17, 2011
Italian Spiderman
Demasiado bom para não partilhar. Depois das músicas, agora um filme popular em versão italiana. Desta vez é uma paródia ambientada nos anos 60 (mas saiu em 2007) e não é propriamente uma dobragem. Após o trailer, saíram 10 mini-episódios mas a série acabou em 2008. Riam-se com o trailer.
Lou Reed em versão italiana
Sim, é possível. Desta vez a música assassinada é Walk on the Wild Side. A homicida, Patty Pravo, cantora também muito conhecida em Itália. Desta vez, a versão só usa a música modificando completamente a letra e tendo o nome de "Jardins de Kensington". Não tenho mais palavras para descrever este crime, ouçam e avaliem.
Monday, November 14, 2011
Tesourinhos deprimentes da música italiana - nova série
Esta série de tesourinhos vai ser dedicada àquelas músicas famosas (dos anos 60 e 70 principalmente) que tiverem direito a versões em italiano. A grande maioria horríveis. O baú está tão cheio que é difícil escolher um tesourinho para abrir a série. Começo então com uma versão que descobri hoje e que pode ser mesmo um dos piores tesourinhos. O famosíssimo Adriano Celentano fez uma versão em italiano (mantendo algumas palavras em inglês e francês como no original) cuja letra é.. é.. não tenho palavras para descrever. Deixo-vos alguns extractos e decidam como qualificá-la.
I love you, I love you, I love you
repetes sempre mas
não aprendeste nada mais
o inglês no fundo é fácil mas tu
não o sabes.
[Nota: esta crítica vinda de um italiano vale obviamente zero]
I want you, I want you, I want you
e tudo aquilo que queiras
mas nunca te importa
saber o que penso até porque
já dormes
I need you, I need you, I need you
disseste-me mesmo aqui
nesta cama estranha
que sem te dizer nada eu
comprei para ti
e o grande final:
Michelle, ma belle
cozinhas como um grande chef
mia Michelle
Eu te amo
mas tu talvez sejas um pouco demasiado francesa
para mim.
I love you, I love you, I love you
repetes sempre mas
não aprendeste nada mais
o inglês no fundo é fácil mas tu
não o sabes.
[Nota: esta crítica vinda de um italiano vale obviamente zero]
I want you, I want you, I want you
e tudo aquilo que queiras
mas nunca te importa
saber o que penso até porque
já dormes
I need you, I need you, I need you
disseste-me mesmo aqui
nesta cama estranha
que sem te dizer nada eu
comprei para ti
e o grande final:
Michelle, ma belle
cozinhas como um grande chef
mia Michelle
Eu te amo
mas tu talvez sejas um pouco demasiado francesa
para mim.
Friday, November 11, 2011
Sugestões eno-musicais
Mais um vinho novo (são infinitos em Itália..) Desta vez, a escolha foi um Grillo, um vinho originário da Sicília. Não sei se era DOC ou só IGT (categoria abaixo de DOC) pois o local não me informou acerca disso. O vinho era seco, com algum grau e não muito aromático. Não desgostei mas nos brancos prefiro vinhos mais frescos e ligeiros. 3.5 em 5. O bar é giro, preços normais e o aperitivo (em termos de comida) apesar de não ser substancial não é mau.
Em termos musicais, aconselho os Gala Drop, um grupo português que vi ontem cá em Génova. Não os conhecia em Portugal e por acaso encontrei um organizador na rua que me disse que hoje o habitual concerto naquele local era dum grupo português. Fui matar a curiosidade e gostei muito. Aqui o myspace dos Gala Drop.
Por fim, uma palavra sobre o que vi ontem nas ruas de Génova. Todos os painéis electrónicos que normalmente dão informações de trânsito tinham uma mensagem de agradecimento aos "anjos da lama" (por uma questão de espaço encurtaram o nome anjos com a lama na camisola, nome dado aos jovens que em 1970 limparam as piores cheias de sempre). Da minha parte eu digo de nada. Mas é bonito ver o reconhecimento.
Em termos musicais, aconselho os Gala Drop, um grupo português que vi ontem cá em Génova. Não os conhecia em Portugal e por acaso encontrei um organizador na rua que me disse que hoje o habitual concerto naquele local era dum grupo português. Fui matar a curiosidade e gostei muito. Aqui o myspace dos Gala Drop.
Por fim, uma palavra sobre o que vi ontem nas ruas de Génova. Todos os painéis electrónicos que normalmente dão informações de trânsito tinham uma mensagem de agradecimento aos "anjos da lama" (por uma questão de espaço encurtaram o nome anjos com a lama na camisola, nome dado aos jovens que em 1970 limparam as piores cheias de sempre). Da minha parte eu digo de nada. Mas é bonito ver o reconhecimento.
Wednesday, November 9, 2011
Violência em Génova
Depois das violentas cheias do fim de semana, hoje foi dia de rever outra violência que aconteceu em Génova aqui há 10 anos. Após o fim do encontro do G8, durante o qual um dos manifestantes foi morto com 2 tiros na cara (a menos de 2m de distância) quando se preparava para lançar um extintor contra um carro da polícia, veio o pior. Sem dúvida que alguns manifestantes foram muito violentos, principalmente após a morte ocorrida. Mas as imagens que vi hoje no documentário Black Block, que ganhou um prémio no Festival de Veneza deste ano (onde estreou), foram impressionantes. Desde polícias a calcarem a cara de alguém que estava já estendido no chão sem forças até blindados a quererem passar por cima das pessoas, passando pelas imagens do manifestante morto em frente às câmeras, o documentário é bastante forte. A parte mais forte são as entrevistas a quem esteve naquele massacre. Sim, porque não há outro nome para um assalto da polícia a meio da noite a uma escola onde dormiam os manifestantes (muitos deles que nada tinham a ver com os violentos black blocks). A polícia arrombou o portão da escola e as portas do ginásio e entrou ali dentro a partir costelas, narizes e cabeças com bastonadadas indiscriminadamente sem se importar se eram jovens ou mais velhos, mulheres ou homens. Depois, foram buscar esses mesmos manifestantes ao hospital para os torturarem de novo num centro de detenção temporária. Desde cuspir em cima até à reabertura das feridas apenas curadas no hospital houve espaço para tudo. Os manifestantes foram todos absolvidos das acusações e a maior parte dos polícias foram condenados. Entre os condenados, está o ex-chefe da Polícia, actual director do Departamento das Informações para a segurança que vigia os serviços secretos italianos. Obviamente, recorreram para o equivalente ao Supremo Tribunal, e o processo arrisca a prescrição. Note-se que a polícia levou cocktails molotov para a escola para incriminar os manifestantes já prevendo o caso de não serem encontradas armas (que não foram à parte barras de metal que pertenciam ao local pois a escola estava em obras). Sem mais demoras, o trailer do filme (com uma imagem chocante perto do fim).
Para saber mais sobre o filme, aqui.
Procurando por Scuola Diaz no youtube, é possível encontrar mais informação.
PS: Ainda sobre as cheias, gostaria apenas de dizer que foi incrível ver tanta gente nas ruas a limpar e reconstruir a cidade. Da minha parte, no sábado à tarde corri as lojas à procura de galochas e depois de descobrir que estavam esgotadas em todas as lojas de chineses e nas lojas de pesca, tive a sorte de encontrar os últimos pares numa loja de caça. No domingo, participei nas primeiras operações de limpeza e tal como muita gente apareci de forma anárquica nas ruas pois a Protecção Civil e as Juntas de Freguesia estavam já com voluntários a mais. Não havia mais material a distribuir (pás principalmente) e apesar de pedirem aos menores de não aparecerem, as ruas da cidade estavam inundadas de jovens maioritariamente menores de idade! E à parte as lojas/garagens/armazéns em que consegui ajudar, a maior parte dizia obrigado, já temos gente suficiente. Sim, porque não havia local que não estivesse cheio de voluntários. Estima-se que cerca de 20000 pessoas saíram à rua no domingo para ajudar. Na segunda, de novo, uma enchente de gente. E de novo muitos jovens tal como em 1970 nas maiores cheias que há memória na cidade. E o nome dado a estes jovens foi o mesmo "Anjos com a lama na camisola". É verdade que as escolas e universidades estavam fechadas, mas é de enaltecer os jovens que às 8 da manhã enchiam os autocarros para se deslocarem para os locais mais afectados e mais longe do centro. Alguns destes jovens vieram de longe, não só daqui da região mas também de locais tão longe como Nápoles. Ontem estive com cerca de 400 voluntários e 30 elementos do exército que vieram de Turim, a reconstruir um caminho histórico com sacos de areia. E foi impressionante ver que ao longo do dia os voluntários não paravam de chegar. Como por exemplo, a equipa de râguebi que tinha estado a ajudar numa das praças mais afectadas e apareceu lá à tarde pois já não havia mais nada para fazer no primeiro local. E tantos outros. Numa cidade conhecida pela fraca hospitalidade e pelo carácter avarento e fechado das pessoas, foi bonito e surpreendente ver esta quantidade de pessoas incansáveis a trabalhar. Uma palavra ainda para as claques de futebol. A claque do Genoa deslocou-se à zona mais afectada para limpar. A da Sampdoria creio que também mas de forma menos organizada. A do Genoa tinha dito logo que não queria que se jogasse (tal como o Presidente) e realmente não houve jogo (muito provavelmente por razões de segurança). No caso da Sampdoria, jogaram fora mas várias claques escreveram uma carta dizendo que não queriam que a equipa jogasse. Sim, leram bem. As claques pediram ao clube para não jogar por respeito às vítimas. Parte da claque do Napoli sugeriu que a receita da bilheteira fosse usada para apoiar as vítimas. A claque do Atalanta (de Bérgamo) recolheu 12500€ antes do jogo de domingo. (nota: mais de metade recolhido na claque mais aguerrida, a bancada central-onde os bilhetes chegam a custar 100€- deu menos de um quarto..) E o Inter iniciou também uma campanha de solidariedade. O Genoa propôs à Sampdoria um derby misto contra um clube estrangeiro e Mancini que viveu 15 anos cá gostou da ideia. O xeque que preside o Manchester City concordou e estão neste momento a tentar fixar a data. A própria Liga de Clubes está a organizar uma campanha de solidariedade. É nestas pequenas (grandes) coisas que gosto de Itália.
Para saber mais sobre o filme, aqui.
Procurando por Scuola Diaz no youtube, é possível encontrar mais informação.
PS: Ainda sobre as cheias, gostaria apenas de dizer que foi incrível ver tanta gente nas ruas a limpar e reconstruir a cidade. Da minha parte, no sábado à tarde corri as lojas à procura de galochas e depois de descobrir que estavam esgotadas em todas as lojas de chineses e nas lojas de pesca, tive a sorte de encontrar os últimos pares numa loja de caça. No domingo, participei nas primeiras operações de limpeza e tal como muita gente apareci de forma anárquica nas ruas pois a Protecção Civil e as Juntas de Freguesia estavam já com voluntários a mais. Não havia mais material a distribuir (pás principalmente) e apesar de pedirem aos menores de não aparecerem, as ruas da cidade estavam inundadas de jovens maioritariamente menores de idade! E à parte as lojas/garagens/armazéns em que consegui ajudar, a maior parte dizia obrigado, já temos gente suficiente. Sim, porque não havia local que não estivesse cheio de voluntários. Estima-se que cerca de 20000 pessoas saíram à rua no domingo para ajudar. Na segunda, de novo, uma enchente de gente. E de novo muitos jovens tal como em 1970 nas maiores cheias que há memória na cidade. E o nome dado a estes jovens foi o mesmo "Anjos com a lama na camisola". É verdade que as escolas e universidades estavam fechadas, mas é de enaltecer os jovens que às 8 da manhã enchiam os autocarros para se deslocarem para os locais mais afectados e mais longe do centro. Alguns destes jovens vieram de longe, não só daqui da região mas também de locais tão longe como Nápoles. Ontem estive com cerca de 400 voluntários e 30 elementos do exército que vieram de Turim, a reconstruir um caminho histórico com sacos de areia. E foi impressionante ver que ao longo do dia os voluntários não paravam de chegar. Como por exemplo, a equipa de râguebi que tinha estado a ajudar numa das praças mais afectadas e apareceu lá à tarde pois já não havia mais nada para fazer no primeiro local. E tantos outros. Numa cidade conhecida pela fraca hospitalidade e pelo carácter avarento e fechado das pessoas, foi bonito e surpreendente ver esta quantidade de pessoas incansáveis a trabalhar. Uma palavra ainda para as claques de futebol. A claque do Genoa deslocou-se à zona mais afectada para limpar. A da Sampdoria creio que também mas de forma menos organizada. A do Genoa tinha dito logo que não queria que se jogasse (tal como o Presidente) e realmente não houve jogo (muito provavelmente por razões de segurança). No caso da Sampdoria, jogaram fora mas várias claques escreveram uma carta dizendo que não queriam que a equipa jogasse. Sim, leram bem. As claques pediram ao clube para não jogar por respeito às vítimas. Parte da claque do Napoli sugeriu que a receita da bilheteira fosse usada para apoiar as vítimas. A claque do Atalanta (de Bérgamo) recolheu 12500€ antes do jogo de domingo. (nota: mais de metade recolhido na claque mais aguerrida, a bancada central-onde os bilhetes chegam a custar 100€- deu menos de um quarto..) E o Inter iniciou também uma campanha de solidariedade. O Genoa propôs à Sampdoria um derby misto contra um clube estrangeiro e Mancini que viveu 15 anos cá gostou da ideia. O xeque que preside o Manchester City concordou e estão neste momento a tentar fixar a data. A própria Liga de Clubes está a organizar uma campanha de solidariedade. É nestas pequenas (grandes) coisas que gosto de Itália.
Friday, November 4, 2011
As cheias em Génova
Já leram certamente alguma coisa sobre as cheias em Génova pois hoje não parei de falar nisso. Além das fotos que podem ver aqui e do vídeo impressionante abaixo, gostava apenas de dar mais uma ou outra informação. O que aconteceu hoje foi grave mas não inédito, em vários anos as cheias foram mortíferas cá em Génova tendo o pior ano sido 1970. Fabrizio de André, o maior músico genovês dedicou uma canção a essas cheias.
Mesmo assim, o rasto de destruição a que assisti deixou-me boquiaberto e a um certo ponto vim para casa pois não conseguia fotografar mais a tragédia. Li agora a notícia de como morreram as 6 pessoas, é de arrepiar. 3 delas foi um azar de alguns minutos pois basicamente o rio de repente subiu e transbordou e começou a varrer a rua toda levando os carros consigo (que esmagaram uma senhora e os dois filhos) enquanto um familiar tinha ido a uma loja num instante.. Para quem quiser o resto das histórias igualmente tristes, está aqui a notícia.
O problema maior foi que um dos muitos rios subiu 3 metros em apenas 15min. As previsões para amanhã são piores ainda e a Câmara Municipal já proibiu a circulação automóvel a partir das 6 da manhã de amanhã até ordem em contrário (prevista para domingo às 12h). Da minha parte não tive problemas excepto fazer 3kms até casa a pé pois havia problemas com os autocarros (um autocarro virou-se o que assustou um bocado) e já me inscrevi como voluntário para domingo ir limpar a cidade. A Protecção Civil pediu às pessoas para não organizarem nenhuma ajuda para amanhã e colaborarem só domingo. Em 1970, o grande esforço de limpeza foi feito essencialmente por jovens que foram apelidados de "Anjos com a lama nas camisolas". Hoje, em poucas horas formou-se um grupo no Facebook com o mesmo nome que já tem quase 4000 membros e que serve de plataforma de troca de informações úteis e de organização de ajuda para domingo. Uma das associações que pediu voluntários já disse que tem voluntários a mais para o número de pás e outro material que tem a distribuir. A luz está cortada em muitas zonas e o gás teve de ser cortado pois rebentaram as condutas. A água sai castanha das torneiras em algumas zonas.. Consegui contactar a maior parte dos portugueses em Génova e está tudo bem (apenas uma sem luz).
Obviamente há já polémicas e acusações à presidente da Câmara pois esta decretou o fecho dos cemitérios(why?) mas não o fecho das escolas. A justificação dada é que fechando as escolas seria ainda mais caótico pois os pais teriam de levar os 40000 filhos a casa de amigos, avós, etc. Mas para amanhã foi decidido o encerramento das escolas (sim, os italianos têm aulas ao sábado) e para segunda também, neste caso devido ao alagamento de um dos fornecedores das cantinas.
Sem polémicas foi a decisão de adiar o jogo Genoa-Inter. O presidente do Genoa foi o primeiro a anunciar que era impossível jogar com a "cidade de joelhos", a claque apelou ao adiamento do jogo por respeito às vítimas e por fim o conselho de segurança reuniu-se e decidiu adiar. Parte do estádio tinha sido alagada e evacuaram os funcionários ainda que o relvado e balneários estivessem operacionais. Mas provavelmente, ninguém tinha estomâgo para ir ao estádio. Entretanto, os nossos amigos do Napoli decidiram doar parte (ou a totalidade ainda não se sabe) da receita de bilheteira do jogo Napoli-Juventus a Génova devido à grande amizade que existe com o Genoa (podem perceber aqui). Em solidariedade também, muitos bares vão hoje fechar no centro histórico ainda que não tenham sido afectados.
Termino com as lágrimas do vereador quando disse que entre os mortos estavam duas crianças..
Mesmo assim, o rasto de destruição a que assisti deixou-me boquiaberto e a um certo ponto vim para casa pois não conseguia fotografar mais a tragédia. Li agora a notícia de como morreram as 6 pessoas, é de arrepiar. 3 delas foi um azar de alguns minutos pois basicamente o rio de repente subiu e transbordou e começou a varrer a rua toda levando os carros consigo (que esmagaram uma senhora e os dois filhos) enquanto um familiar tinha ido a uma loja num instante.. Para quem quiser o resto das histórias igualmente tristes, está aqui a notícia.
O problema maior foi que um dos muitos rios subiu 3 metros em apenas 15min. As previsões para amanhã são piores ainda e a Câmara Municipal já proibiu a circulação automóvel a partir das 6 da manhã de amanhã até ordem em contrário (prevista para domingo às 12h). Da minha parte não tive problemas excepto fazer 3kms até casa a pé pois havia problemas com os autocarros (um autocarro virou-se o que assustou um bocado) e já me inscrevi como voluntário para domingo ir limpar a cidade. A Protecção Civil pediu às pessoas para não organizarem nenhuma ajuda para amanhã e colaborarem só domingo. Em 1970, o grande esforço de limpeza foi feito essencialmente por jovens que foram apelidados de "Anjos com a lama nas camisolas". Hoje, em poucas horas formou-se um grupo no Facebook com o mesmo nome que já tem quase 4000 membros e que serve de plataforma de troca de informações úteis e de organização de ajuda para domingo. Uma das associações que pediu voluntários já disse que tem voluntários a mais para o número de pás e outro material que tem a distribuir. A luz está cortada em muitas zonas e o gás teve de ser cortado pois rebentaram as condutas. A água sai castanha das torneiras em algumas zonas.. Consegui contactar a maior parte dos portugueses em Génova e está tudo bem (apenas uma sem luz).
Obviamente há já polémicas e acusações à presidente da Câmara pois esta decretou o fecho dos cemitérios(why?) mas não o fecho das escolas. A justificação dada é que fechando as escolas seria ainda mais caótico pois os pais teriam de levar os 40000 filhos a casa de amigos, avós, etc. Mas para amanhã foi decidido o encerramento das escolas (sim, os italianos têm aulas ao sábado) e para segunda também, neste caso devido ao alagamento de um dos fornecedores das cantinas.
Sem polémicas foi a decisão de adiar o jogo Genoa-Inter. O presidente do Genoa foi o primeiro a anunciar que era impossível jogar com a "cidade de joelhos", a claque apelou ao adiamento do jogo por respeito às vítimas e por fim o conselho de segurança reuniu-se e decidiu adiar. Parte do estádio tinha sido alagada e evacuaram os funcionários ainda que o relvado e balneários estivessem operacionais. Mas provavelmente, ninguém tinha estomâgo para ir ao estádio. Entretanto, os nossos amigos do Napoli decidiram doar parte (ou a totalidade ainda não se sabe) da receita de bilheteira do jogo Napoli-Juventus a Génova devido à grande amizade que existe com o Genoa (podem perceber aqui). Em solidariedade também, muitos bares vão hoje fechar no centro histórico ainda que não tenham sido afectados.
Termino com as lágrimas do vereador quando disse que entre os mortos estavam duas crianças..
A solidariedade em Itália
Só me chegam ao conhecimento bons exemplos nos dias que correm. Alguns deles sei que não verei em Portugal provavelmente nem num futuro remoto. Começo pelos mais simples (e possíveis em Portugal). Em Génova, por iniciativa da Câmara Municipal houve uma iniciativa de congelar os preços dos bens de primeira necessidade. Aderiram 2 grandes supermercados, a associação de panifícios, a associação de talhos e também a de peixarias. À parte, esta iniciativa, também já vi lojas como a Sisley a dizer que não vão aumentar os preços e vão absorver eles a subida do IVA.
Mais estranhamente, em Nápoles o movimento #OccupyFood decidiu subir exageradamente o preço da comida nos restaurantes para senadores e deputados. Começou com uma pizzeria a cobrar 100€ por uma pizza e de momento alargou-se já a 30 bares e restaurantes que pedem 90€ por um café e 350€ por um panino. Ontem deslocaram-se a Roma para tentar vender uma pizza de 100€ ao Ministro da Defesa protestando contra a aquisição de 19 Maseratis blindados. O Ministro escapou-se à entrada principal e justificou a aquisição com o facto de que Maserati é uma marca italiana e custa menos que os antigos Audi. Isto tudo começou porque recentemente veio a público um talão da cantina do parlamento com preços escandalosamente baixos (um prato de pasta abaixo de 1€ por exemplo). O melhor de tudo, a margem de lucro do preço exagerado está a ser doada a uma associação de combate à pobreza.
A última boa iniciativa inclui futebol, algo que em Portugal não está muito ligado a preocupações sociais. Já aqui falei das claques que andaram a ajudar a limpar as zonas afectadas pelas cheias. Ou das recolhas de fundos em dias de jogos (como vai haver domingo). Mas além disso, o presidente do Genoa decidiu que este domingo, num jogo tão importante contra o Inter (ou seja com muito público), toda a receita de bilheteira vai ser oferecida às populações afectadas pelas cheias da semana passada. E mais, proibiu os bilhetes de oferta (agora percebo porque é que não consegui arranjar bilhete de borla). E pediu a todos casa cheia. Bonito não é?
Num país tão marcado pela corrupção e chico-espertismo, estas iniciativas são de enaltecer. Parabéns Itália.
Mais estranhamente, em Nápoles o movimento #OccupyFood decidiu subir exageradamente o preço da comida nos restaurantes para senadores e deputados. Começou com uma pizzeria a cobrar 100€ por uma pizza e de momento alargou-se já a 30 bares e restaurantes que pedem 90€ por um café e 350€ por um panino. Ontem deslocaram-se a Roma para tentar vender uma pizza de 100€ ao Ministro da Defesa protestando contra a aquisição de 19 Maseratis blindados. O Ministro escapou-se à entrada principal e justificou a aquisição com o facto de que Maserati é uma marca italiana e custa menos que os antigos Audi. Isto tudo começou porque recentemente veio a público um talão da cantina do parlamento com preços escandalosamente baixos (um prato de pasta abaixo de 1€ por exemplo). O melhor de tudo, a margem de lucro do preço exagerado está a ser doada a uma associação de combate à pobreza.
A última boa iniciativa inclui futebol, algo que em Portugal não está muito ligado a preocupações sociais. Já aqui falei das claques que andaram a ajudar a limpar as zonas afectadas pelas cheias. Ou das recolhas de fundos em dias de jogos (como vai haver domingo). Mas além disso, o presidente do Genoa decidiu que este domingo, num jogo tão importante contra o Inter (ou seja com muito público), toda a receita de bilheteira vai ser oferecida às populações afectadas pelas cheias da semana passada. E mais, proibiu os bilhetes de oferta (agora percebo porque é que não consegui arranjar bilhete de borla). E pediu a todos casa cheia. Bonito não é?
Num país tão marcado pela corrupção e chico-espertismo, estas iniciativas são de enaltecer. Parabéns Itália.
Wednesday, November 2, 2011
Livros que só poderiam ser publicados em Itália
Esta creio ser inédita. E impensável muito provavelmente na maior parte dos países. Mas em Itália não. Descobri que chegou às bancas um livro a gozar com a descida de divisão da Sampdoria. Sim, ouviram bem. "Caraças aconteceu.. para continuar ainda a gozar" é um texto humorístico de 144 páginas escrito obviamente por um adepto do Genoa. Estou a falar de um livro que se vende até na Amazon. Pode parecer ridículo mas numa cidade com uma rivalidade entre clubes que os faz promoverem "cortejos fúnebres" quando o adversário desce de divisão é apenas normal. O melhor de tudo: as receitas revertem exclusivamente para uma ONG relativa ao Síndrome de Down. (no pun intended)
Também sobre livros, um livro que descobri e que não encontro na net nem em português nem em inglês: "Carta para a escolha de uma mulher". De Kepler. Sim, esse mesmo, o astrónomo. Depois de um matrimónio infeliz (que terminou com a morte da sua mulher depois da morte de 3 dos 5 filhos), Kepler resolveu escolher uma segunda mulher. O livro conta como das 11 candidatas escolheu a 5ª. No mínimo surpreendente. Em italiano e em pdf aqui.
Também sobre livros, um livro que descobri e que não encontro na net nem em português nem em inglês: "Carta para a escolha de uma mulher". De Kepler. Sim, esse mesmo, o astrónomo. Depois de um matrimónio infeliz (que terminou com a morte da sua mulher depois da morte de 3 dos 5 filhos), Kepler resolveu escolher uma segunda mulher. O livro conta como das 11 candidatas escolheu a 5ª. No mínimo surpreendente. Em italiano e em pdf aqui.
Tuesday, November 1, 2011
Um bom exemplo do futebol italiano
Como disse ontem, Cassano está hospitalizado com o que se presume ser um mini-AVC. Hoje, o capitão do Genoa, Marco Rossi, tantas vezes adversário de Cassano em derbies Genoa-Sampdoria, enviou a seguinte mensagem:
"A notícia apanhou-nos todos em contra-ataque [de surpresa]. Caro António, envio-te um grande abraço, interpretando também os sentimentos dos meus colegas. Acreditamos que vais voltar ao campo a tratar por tu a bola e a divertir o público. E paciência se nos fará ainda correr como malucos atrás das tuas jogadas. Mas desta vez nada de brincadeiras. Esperamos-te e basta!"
Bonito fair-play num fim de semana em que se assistiu a insultos à memória mútuos entre Juventus e Inter. Do Inter, rival do Milan, clube de Cassano, chegou também já uma mensagem de apoio. Da Sampdoria, ex-clube de Cassano do qual foi mandado embora por insultar fortemente o presidente, nenhuma palavra amigável para o jogador. Sobre a mesma Sampdoria e seus adeptos, se por um lado sábado à noite, houve agressões aos jogadores, por outro, domingo, a claque organizou uma jornada de ajuda às populações afectadas pelas cheias (tal como fez a do Genoa). Hoje no estádio a mesma claque recolheu bens de primeira necessidade. Digam o que disserem das claques italianas, muitas vezes têm também preocupações sociais, coisa que não vejo a acontecer em Portugal.
"A notícia apanhou-nos todos em contra-ataque [de surpresa]. Caro António, envio-te um grande abraço, interpretando também os sentimentos dos meus colegas. Acreditamos que vais voltar ao campo a tratar por tu a bola e a divertir o público. E paciência se nos fará ainda correr como malucos atrás das tuas jogadas. Mas desta vez nada de brincadeiras. Esperamos-te e basta!"
Bonito fair-play num fim de semana em que se assistiu a insultos à memória mútuos entre Juventus e Inter. Do Inter, rival do Milan, clube de Cassano, chegou também já uma mensagem de apoio. Da Sampdoria, ex-clube de Cassano do qual foi mandado embora por insultar fortemente o presidente, nenhuma palavra amigável para o jogador. Sobre a mesma Sampdoria e seus adeptos, se por um lado sábado à noite, houve agressões aos jogadores, por outro, domingo, a claque organizou uma jornada de ajuda às populações afectadas pelas cheias (tal como fez a do Genoa). Hoje no estádio a mesma claque recolheu bens de primeira necessidade. Digam o que disserem das claques italianas, muitas vezes têm também preocupações sociais, coisa que não vejo a acontecer em Portugal.
Subscribe to:
Posts (Atom)