é este Cantico dei Drogati (Cântico dos Drogadas). É de De André de novo e abre o álbum Tutto morimmo a stento. Com uma letra baseada no poema "Eroina" do seu grande amigo Riccardo Mannerini, segundo o próprio De André esta canção teve um efeito catártico e libertador em si. A sua droga era o álcool pois bebia 2 garrafas de whisky por dia quase desde que saíra de casa aos 18 anos. Manteve a sua dependência até 1985 (a canção é de 1968) até quando o pai no leito de morte o fez prometer deixar o álcool. A música é triste obviamente, recriminatória em relação ao mundo e a quem o trouxe ao mundo e com uma admissão final tocante. As palavras usadas são magníficas e a pungência com que canta é extraordinária. Começa com
"Despedi um Deus
deitei fora um amor
para construir o vazio
na alma e no coração."
noutra altura diz
"E sobretudo quem
e porquê me trouxe ao mundo
onde vivo a minha morte
com uma tremenda antecipação?
Quando acabará o aluguer
deste corpo idiota
então terei o meu prémio
como uma boa nota."
e acaba com
"Tu que me escutas ensina-me
um alfabeto que seja
diferente deste
da minha velhacaria"
Mas a frase repetida pungentemente várias vezes ao longo da canção e que exprime bem o que se passa com De André é:
"Como poderei dizer à minha mãe que tenho medo?"
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